PERFIL DOS PARTICIPANTES DE BULLYING

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PERFIL DOS PARTICIPANTES DE BULLYING

O simples envolvimento no bullying pode trazer diversas dificuldades no desenvolvimento de crianças e adolescentes, com consequências negativas a curto e a longo prazo. Entretanto, essas consequências podem apresentar peculiaridades, de acordo com o papel assumido perante esse fenômeno. Por isso, diversos pesquisadores têm investigado os perfis dos participantes no bullying e como o envolvimento nesse fenômeno pode afetar as crianças e adolescentes que vivenciam tais experiências. Dentre estes papéis vamos aqui citar três: agressor, vítima, vítima-agressora.

De acordo com a literatura, o perfil dos agressores encontra-se associado a algumas características, tais como: maior idade; maior consumo de drogas, tabaco e álcool;  mais comportamentos violentos; melhor imagem corporal; costumam ter pior relação com os pais; são mais extrovertidos, seguros e confiantes; não sentem medo, ansiedade ou culpa; são  considerados hiperativos e têm dificuldades de atenção; desempenho escolar deficiente; veem sua agressividade como qualidade, podendo mostrarem-se agressivos inclusive com os adultos; são tipicamente populares, fazendo mais sucesso com colegas do sexo oposto e, por consequência disto, têm mais experiências amorosas em idade escolar; além de serem indicados como aqueles que praticam mais exercícios físicos e que apresentam melhor competência motora, apresentando vantagens em determinadas brincadeiras, esportes e lutas.

Com relação ao perfil das vítimas, sabe-se que crianças e adolescentes com deficiência física e mental, com diferentes orientações sexuais e de gênero, com defeitos congênitos ou adquirido, e com sobrepeso são as principais vítimas do bullying. De modo geral, crianças que apresentam essas características tendem a apresentar também três fatores que aumentam o risco de serem vitimizados na escola, os quais são: pouco amigos, baixo status e rejeição pelos pares. Acredita-se que as vítimas já são rejeitadas, ou pouco aceitas pelos pares, mesmo antes de serem intimidadas. Algumas outras características individuais também têm sido associadas ao papel de vítima no bullying, como por exemplo: são mais novos; menor número de amigos; menos relações afetivas com o sexo oposto; passividade; retraimento; infelicidade; insegurança; submissão; são consideradas pouco sociáveis e sofrem com vergonha, medo, depressão e ansiedade.

As vítimas-agressoras, como o próprio nome já diz, são tanto vítimas, quanto agressoras, seja de forma proativa ou reativa.  Este é este o grupo mais agressivo, no qual se encontram maiores fatores de risco, os quais tem um efeito não apenas aditivo, mas multiplicativo. Diversos estudos apontam esse grupo como sendo o mais problemático entre os envolvidos no bullying, pois são mais desregulados emocionalmente, com piores resultados em avaliações de ajustamento psicossocial, têm temperamento explosivo e menor autocontrole. Ao contrário do observado nos agressores, as vítimas-agressoras são menos hábeis e estratégicas, tornando-as menos competentes socialmente, e menos eficazes, tendo em vista que a sua agressão não consegue elevar sua popularidade, mas sim, compromete sua vida social. Vítimas-agressoras costumam ser vistas como antipáticas, fazendo com que elas sejam menos procuradas pelos colegas, e consequentemente acabem sem amigos na escola.  A literatura vem apontando que as vítimas-agressoras apresentam altos níveis de comportamentos problemáticos, tanto de externalização, quanto de internalização.  Este grupo apresenta níveis mais elevados de envolvimento em comportamentos violentos fora da escola, uso de substâncias ilícitas, mais sintomas de distúrbios emocionais, níveis elevados de psicopatologia, com relatos de depressão e ansiedade.

De todo modo, sabe-se que em qualquer esfera de participação no bullying, as consequências causadas por estas atitudes de abuso de poder, podem resultar em problemas graves no desenvolvimento dessas crianças e adolescentes, refletindo até mesmo na vida adulta.  Contudo, vale ressaltar que a ideia não é rotular os jovens ou estabelecer uma relação de causa e efeito imediata, mas sim trazer mais ferramentas de observação que nos auxiliem a identificar o bullying, e assim, poder auxiliar nossas crianças e adolescentes de forma mais assertiva, principalmente através do esporte. A Escola Guga não vem medindo esforços para capacitar os seus profissionais, fazendo com que eles estejam atentos aos seus alunos e as possíveis ocorrências de bullying nas aulas de tênis, mas mais do que isso, a Escola Guga está fazendo do tênis um poderoso agente de transformação da realidade de muitas crianças e adolescentes que vivenciam essas experiências no ambiente da escola regular!

Sobre a autora

Marcela Zequinão é Profissional da Educação Física, graduada pela Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC. Possui Mestrado, Doutorado e Pós-Doutorado com pesquisas focadas em como lidar com o Bullying e seus desafios.

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